Mais uma eleição decisiva para os destinos do nosso tão sofrido País
Por Emílio Oliveira
No próximo domingo dia 02.10.2022, ocorrerá mais uma eleição presidencial e, mais uma vez, uma das mais importantes para selar de vez os destinos desse nosso tão sofrido e amado Brasil. Pelo nosso histórico eleitoral percebe-se claramente que, infelizmente, ainda não conseguimos aprender a votar corretamente como costumam fazer as outras nações já mais amadurecidas e desenvolvidas do mundo nessas ocasiões.
O que temos visto até agora é uma campanha totalmente polarizada entre dois candidatos em que um deles já foi eleito Presidente da nossa República por duas vezes e que também com o seu prestigio, duas vezes elegera a sua sucessora a Presidenta Dilma, e, do outro lado, um Presidente da República que foi eleito no último pleito de 2018, justamente explorando os erros políticos e econômicos de seus adversários.
Como sabemos o Lula e o PT, embora tenham inflado os lucros da elite brasileira com dinheiro retirado do nosso combalido orçamento via juros de nossa sempre crescente dívida interna, fizeram um governo com um cheiro mais popular que o do FHC através da transferência e distribuição de recursos públicos para os mais necessitados e, com isso, conseguiram melhorar, pelo menos por alguns anos, as condições de vida do povo mais pobre desse país. Isso é um fato inegável que não se pode obscurecer ou omitir ante o que foi feito em beneficio dos mais carentes.
Já o Bolsonaro, foi eleito na esteira das denúncias de corrupção dos governos petistas alardeados pela imprensa e também da grave crise econômica que se abateu sobre o país com a queda significativa dos preços de todas as nossas commodities, fato que provocou um déficit na nossa balança de pagamentos que os petistas, infelizmente, não souberam administrar. Foi entretanto o trabalho da mídia sempre golpista quando necessário evidenciando de forma exagerada todos os escândalos da Operação Lava Jato que se instalou nos governos petistas e que não tendo sido também bem administrada e estancada no momento certo, levou não somente à prisão do ex-presidente Lula, mais também ao desmonte político e ideológico daquilo que se chamava de esquerda progressista em nosso país.
Eu, particularmente, já votei cinco vezes no PT. Três vezes com o Lula e duas com a Dilma, mas resolvi, por conta e risco próprio, não mais votar. Vou votar com o Ciro Gomes, mesmo sabendo de suas dificuldades na campanha, até porque enquanto o Lula for vivo e com a sua lucidez preservada, nenhum candidato de qualquer outro partido que não seja o dele próprio ou indicado por ele para ser o seu poste, como dizem por aí e com razão os seus adversários, conseguirá se eleger Presidente da República neste país.
E por que isso tem acontecido? Primeiro pelo fato de o povo pobre brasileiro ter até agora se mostrado bastante grato ao Lula pelo seu trabalho em prol dos mais necessitados e também porque ele próprio nunca procurou sequer pensar em renovar os quadros de seu partido com lideranças mais novas, ou até mesmo confiar em lideranças de outros partidos ideologicamente afins ao seu PT, que possam substituí-lo a altura na sua futura ausência em função da idade avançada que já apresenta.
Na verdade, ele tem se constituído no maior dos obstáculo ao aparecimento de novas lideranças nacionais, visto que desde o ano de 1998 tem sido em todas as eleições presidenciais o eterno candidato, com exceção apenas de 2018 quando, mesmo estando preso, ainda assim tentou com a certeza de que não seria possível emplacar a sua candidatura e somente apoiando o Haddad do seu partido e como seu poste, mesmo sabendo que o Haddad no segundo turno perderia a eleição para o Bolsonaro, depois que o TSE comunicou a sua inelegibilidade.
Não estou querendo comparar aqui o Lula com o Bolsonaro, visto saber perfeitamente a diferença abissal entre o Lula que é um democrata, embora que somente saiba puxar a linha onde está o anzol dele próprio, com o Bolsonaro que, infelizmente, se apresenta como uma pessoa autoritária e/ou antidemocrática que desde que assumiu o seu governo, ao invés de procurar governar o país pacificando realmente suas ações, tudo leva a crer que sonha todos os dias com a instauração de um golpe de estado violento que assegure a ele, a seus filhos e partidários no poder absoluto, uma espécie de infindável e obscura tentativa de execução de todas as suas sádicas esquisitices.
Como brasileiro e patriota que sempre procurei ser, estou cada dia mais preocupado com o que vem ocorrendo no nosso tão rico país de povo cada dia mais pobre e, principalmente, com essa polarização violenta e desrespeitosa que nos meus setenta e quatro anos já vividos, jamais vi isso nesse ainda nosso Brasil que, apesar dos pesares e de todos os senões que se possam acrescentar, ainda é tão amado por todos nós. O meu temor maior se justifica olhando-se a história da humanidade, visto que em todos os países de todos os Continentes e em todas as épocas e tempos vividos, essas exacerbadas paixões por A ou por B, sempre terminaram em conflito, violência e mortes.
A história da humanidade mostra claramente que as paixões sempre cegaram não somente a homens e mulheres, mais também até aos Deuses do Olimpo Grego, dos grandes personagens da Bíblia Cristã, bem como de toda a literatura universal até agora conhecida. Todas às vezes que os seres humanos e/ou deuses nas escolhas importantes de suas histórias de vida se utilizaram simplesmente das paixões como fundamento de decisão de suas existências, a frustração e as perdas foram bem maiores que os tão sonhados ganhos. E quem diz isso não sou eu não, mas a própria realidade histórica em que estivemos ou no passado ou agora no presente inseridos.
Portanto, ante uma realidade que não se tem como contestar, não seria o caso de se pensar de forma mais inteligente e procurarmos se não todos, mas pelo menos a maioria um caminho mais sadio quebrando com os nossos votos essa polarização odienta que está – como tantas outras já havidas mundo afora -, matando o nosso país? E é justamente mesmo como sendo um simples eleitor o que estou pretendo fazer porque, numa eleição em dois turnos a gente de forma racional geralmente vota no primeiro turno naquele candidato que mais se assemelha ao que queremos que ele faça com o nosso voto e, no caso de ele não conseguir chegar ao segundo turno, aí sim, votamos sempre no “menos ruim”.
Até porque o “menos ruim” nessa eleição, já teve a sua oportunidade durante oito longos anos dos seus dois mandatos e mais seis anos durante os dois mandatos de sua candidata que, infelizmente, teve o seu segundo mandato interrompido com o impeachment que foi interpretado como um golpe contra o Partido dos Trabalhadores, fato que também eu concordo em gênero, numero e grau. Mas o que mais me decepcionou nos dois governos petistas foi não terem institucionalizado nada dos ganhos que foram distribuídos com os mais carentes desse país. A única coisa institucionalizada por eles durante os seus catorze anos no poder foi a simples tomada de três pinos que certamente não contrariou em nada os grandes interesses financeiros dos mais ricos e poderosos desse país.
Noutras palavras, eles já mostraram no poder as suas possíveis virtudes, beneficiando aos mais pobres parcialmente e aos mais ricos integralmente e até também às suas possíveis incongruências administrativas e, portanto, não seria a hora de se mudar para outra proposta em moldes ideológicos bem mais radicais e avançados como forma de apressarmos as transformações sociopolíticas que o Brasil urgentemente necessita e que se não forem brevemente instituídas, esse ainda nosso país que tanto amamos, poderá até se transformar num sangrento campo de batalha através de um violento confronto de seus cidadãos, desembocando num completo e incontrolado caos social?
Portanto, na situação em que politicamente estamos, alimentar ainda mais essa polarização odienta votando ou no “mais ruim” ou no “menos ruim”, só fará é inflamar mais ainda os ânimos políticos e ideológicos de ambos os lados e, portanto, ninguém terá condições de prever o que realmente poderá acontecer futuramente com o nosso amado Brasil. Como disse antes, eu já votei nessa gente em cinco eleições consecutivas e como cidadão já dei a minha parcela máxima de contribuição para que eles pudessem mostrar o que vieram fazer realmente pelo o povo, por eles próprios como políticos, e pelo país.
Por isso é que vou migrar de novo como já o fiz na campanha de 2018 para um terceiro e melhor candidato que é o Ciro Gomes, independentemente de que ele vá ou não para o segundo turno, até porque é bem melhor se votar no mais capacitado, mais preparado, mais inteligente, mais corajoso, mais patriota e que além do mais ainda traga consigo debaixo do braço um Projeto Nacional de Desenvolvimento para libertar o seu país e o seu povo quase que já totalmente escravizado pelo “Mercado Financeiro”, mérito que todos os outros candidatos, sem exceção, não têm.
Mesmo sabendo que, ele vai perder a eleição, mas, pelo menos, ficarei em paz com a minha consciência de cidadão que sempre se posicionou e se posicionará enquanto vivo ao lado dos que querem o melhor para o seu país e o seu povo eternamente enganado pela mídia elitista que secularmente ainda não perdeu o mórbido apetite pela eterna escravidão.
Conforme adiantado anteriormente, uma eleição em dois turnos serve para que o eleitor no primeiro turno vote no candidato que mais lhe agrada politicamente e, no segundo, o voto geralmente vai com casca e tudo para o “menos ruim”, não é mesmo? Até as eleições anteriores, no primeiro turno, os partidos e a própria imprensa que é a mais ressoante caixa de som do nosso apodrecido sistema de dominação politica, deixavam o eleitor livre para escolher entre os demais candidatos.
Mas nessa eleição não, visto que o famigerado “Mercado”, temendo possíveis riscos rentistas principalmente com a candidatura de Ciro Gomes que como ele próprio se define “Um rebelde da Esperança’” que se se movia e se move frontalmente contra todo esse sistema neoliberal explorador que foi montado há tempos para escravizar o país e seu povo sofrido e que na verdade, passou toda a campanha tentando isolá-lo politicamente para que o povo ou não o ouvisse, ou pior ainda não acreditasse no que dizia.
Como tão claramente se percebe, todo esse trabalho de desconstrução político-ideológico do Ciro tem sido sempre coadjuvado por partidos que sempre se acham donos do pedaço, coadjuvados pela velha mídia antipatriota, exigindo desde o começo da campanha que a eleição ficasse confinada em apenas dois dos demais candidatos, que são justamente aqueles que desconfio que já se comprometeram totalmente com a eterna pauta ante povo e ante nação.
Vejo ainda nessa eleição que tudo é mostrado à sociedade brasileira pela mídia mais poderosa e não alinhada com o governo do Bolsonaro e que se acumpliciou com o mais cotado em intenções de voto para ganhar o pleito, que o problema maior do Brasil é somente o Bolsonaro e que simplesmente retirando-o do poder com o voto da maioria do nosso povo, tudo se encaminhará naturalmente para a solução definitiva de todos os nossos problemas.
Isso é uma falácia, uma grande mentira que interessa apenas aos mais ricos e poderosos desse país que não suportam mais as grosserias do atual presidente que eles próprios elegeram, mesmo continuando a terem os lucros rentistas mais alto de todo o planeta Terra. O Brasil na verdade está hoje tal como um ser humano que se encontra preso e abandonado numa cela de uma delegacia de polícia qualquer, sangrando e passando mal depois de ter levado um tiro e se encontrar gravemente ferido. Portanto, o trabalho mais importante não é somente o de soltar o preso que significa libertá-lo das garras do Bolsonaro, como faz ver à mídia tendenciosa, mais também levá-lo imediatamente para um hospital para ser operado, sob pena de sua iminente morte.
É assim que o nosso amado Brasil se encontra neste catastrófico momento econômico e histórico que estamos vivendo. O que eu temo e não torço para acontecer é que o “menos ruim” que é o Lula, não tenha adquirido ainda, da mesa forma como não adquiriu no passado quando no poder, a coragem cívica e patriótica de enfrentar o SISTEMÃO e retirar o nosso país e seu tão sofrido povo das garras poderosas dessa tão gananciosa gente. E se isso não acontecer, o que ocorrerá? A iminente morte desse nosso tão amado país. Sim, porque as nações também podem morrer quando são mal administradas, tal como a nossa está sendo nesse nosso terrível momento histórico.
Gostaria de frisar com toda a ênfase possível que não tenho nada nem política e nem pessoal contra o atual Presidente Bolsonaro, apesar de perceber que ele não se preparou suficientemente para desempenhar com grande capacidade e eficiência administrativa a mais nobre função que gratuitamente o povo brasileiro lhe outorgou sem ele sequer merecer. E é por sentir e saber das suas grandes limitações pessoais e administrativas em quase todos os sentidos, é que não votei e nem votarei nele, apesar de em alguns momentos admirar a sua coragem para se confrontar nos cenários que ele próprio cria com os seus costumeiros desatinos particulares e pitorescas, posicionando-se frontalmente contra parciais interesses espúrios desse SISTEMÃO já apodrecido pela sua infinita sede de lucros que venham de onde vier.
Concluo, afirmando que é também motivado por essa minha percepção política que resolvi mais uma vez não fazer o que interessa a essa maquiavélica gente não votando em seus eternos candidatos e até mesmo escrevendo esse texto não para tentar convencer e/ou destratar ninguém especificamente, visto ter a consciência de que ainda não tenho essa capacidade e nem essa intenção, mas, apenas para me posicionar também de forma rebelde ao sistema como tenho feito em toda a minha vida: seja como professor, bancário, compositor, escrevendo, falando e fazendo política com “P” maiúsculo, haja vista que a política para mim sempre foi uma coisa muito séria e talvez por isso mesmo é que – como nenhum outro aqui aonde moro -, tenha no passado não aceitando velhas incongruências administrativas, me atrevido a fazer oposição veemente ao meu próprio pai e irmão, quando estavam no poder.
Emílio Oliveira.
Grossos(RN), 25/09/2022.
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