Emílio OliveiraOpinião

O Lula é a solução e o grande problema atual do Brasil

POR EMILIO OLIVEIRA – Como já é do conhecimento geral, as grandes lideranças mundiais são sempre construídas nas velhas lutas de classe diárias dos mais desfavorecidos, contra os seus eternos opressores e donos dos meios de produção, antes mercantilistas e hoje capitalistas rentistas. Foi assim com todos os grandes líderes mundiais e eu não vou nem aqui me dá ao trabalho de citar os seus nomes eternizados pela própria história da humanidade.

O que quero, na verdade, é me situar apenas no nosso Brasil mais recente de ontem, de hoje e do futuro também. Como sabemos os nossos grandes e corajosos ídolos populares que em toda a sua vida lutaram pelas massas abandonadas do passado, foram: o ex-presidente Getúlio Dorneles Vargas, Luís Carlos Prestes, Leonel de Moura Brizola, Miguel Arraes de Alencar, Gregório Lourenço Bezerra e Francisco Julião Arruda de Paula, esses dois últimos aí foram os chefes das nossas antigas Ligas Camponesas que nas suas lutas campesinas diárias, procuravam dar aos trabalhadores rurais um pequeno pedaço de terra para plantarem e poderem enfim criarem as suas famílias com a dignidade de filhos de Deus que – apesar da resistência de nossa elite mais que retrógrada -, também eram.

Nessa sequência de presidenciáveis tiveram também outros que tentaram dar continuidade ao nosso incipiente processo de industrialização iniciado por Getúlio Vargas como Juscelino Kubistchek de Oliveira que, além de ter conseguido modernizar o pais com a implantação das montadoras de automóveis da Ford, GM e Volkswagen e a construção de Brasília, também beneficiou e muito a nossa classe trabalhadora, seguido depois pelo General Ernesto Gaisel que, mesmo ditador e ainda no tempo da ditadura militar, também deu continuidade a esse processo de industrialização.

Entretanto, de todos esses citados no parágrafo anterior, apenas Getúlio, pela sua forte liderança política conseguiu sozinho fazer bem mais que todos os outros presidentes pelo trabalhador brasileiro, com a implantação da indústria de base (Petrobrás, Companhia Siderúrgica Nacional e todos os outros Brás que vieram depois), mas, principalmente com a aprovação da CLT que verdadeiramente deu aos trabalhadores desse país a dignidade de verdadeiros brasileiros que antes dele, não tinham. Infelizmente, essa coragem, altivez e patriotismo, teve como preço, sua própria vida.

Os outros citados, infelizmente, nenhum deles conseguiu construir uma liderança política sólida o suficiente que os permitisse chegar à Presidência da República pelo menos uma ou mais vezes. Por último e mais recentemente quem conseguiu tal proeza já por três vezes foi Luiz Inácio Lula da Silva, o Lula. Acho inclusive que ele tem se constituído atualmente como a maior liderança política desse país. Nenhum político brasileiro conseguiu ser presidente do país por três vezes através do voto popular e, inclusive, acho até que deverá também ser pela quarta vez.

Acho, porém, que se ele conseguir o quarto mandato, o que na atual conjuntura não será tão difícil, minha dúvida é que ele não consiga terminá-lo em paz. E Porque? Infelizmente por que o Lula nunca teve e nem terá a coragem suficiente para se confrontar com as nossas elites excludentes e, mesmo ele fazendo de tudo para não romper de vez com elas, mesmo contemporizando como sempre têm feito, nunca conquistou a confiança dessa gente que desavisadamente ainda pensa que o Brasil, apesar de ter sido construído por todos os trabalhadores brasileiros, mas que ele, o Brasil, deve existir eternamente apenas em função de seus mais que espúrios interesses de classe.

Mas, porque enfim o Lula é a solução e o problema político maior desse país?  É a solução, porque somente ele pela sua grande capacidade de mobilização de massas e como líder maior do país é que poderia liderar uma espécie de santa rebeldia das nossas massas populares contra essa nossa mais que antipatriótica elite predatória que infelizmente temos e com a ajuda dessa massa desafortunada, fazer as reformas que precisam ser feitas porque não podem e não devem mais ser adiadas para que o país comece a singrar os mares verdadeiros do seu desenvolvimento econômico e da justiça social para o seu povo.

E é também o problema porque como ele tem sido sempre um conciliador desde o tempo em que comandava os movimentos sindicais e depois também sociais que nos anos 80 começaram a se voltar contra a ditadura militar em busca de seus legítimos direitos eleitorais e salariais, visto que a ditadura implantada favorecia apenas aos interesses dos empresários brasileiros, permitindo-lhes ganhos de produtividade e lucros altíssimos, enquanto os trabalhadores que eram quem realmente trabalhavam e produziam, empobreciam a olhos vistos.

Portanto, o Lula, nunca teve a devida coragem cívica para mobilizar o nosso povo e realmente se confrontar com essa gente que somente quer lucros e mais lucros e defender realmente os reais interesses do nosso país e de sua classe trabalhadora. Ele mesmo dizia quando dirigente sindical que sabia quando tinha que provocar uma greve e também quando encerrá-la. Portanto, do Lula, jamais se espere uma radicalização que é mais que necessária haver para que esse país que tem tudo para ser o país mais rico e próspero do nosso Planeta, comece a deslanchar de vez, se desenvolver, enriquecer para todos e não apenas para alguns que são os proprietários dos meios de produção como é hoje, se industrializar e finalmente poder dar ao seu povo tudo aquilo que ele realmente merece, mas que a nossa mais que esquisita elite, simplesmente não permite.

Então, que fiquemos certos e conformados de que, votar no Lula, é mil vezes melhor do que votar numa barbárie como o Bolsonaro ou seus atuais partidários, visto que a maioria são bem piores do que ele próprio, por todos eles terem o mesmo pensamento de país entreguista, ultrapassado e sempre dominado pela força do mais forte. Só que, solução verdadeira para os problemas reais do Brasil nós jamais iremos ter com o Lula e seu partido o PT, que, infelizmente, ainda não foram devidamente temperados com a corajosa, porém perigosa disposição para o confronto, o que, sem essa disposição, nós jamais sairemos desse marasmo em vivemos há anos.

Até a década de oitenta o Brasil catapultado pela ação desenvolvimentista dos brasileiros citados anteriormente era considerado por todo o mundo capitalista como a maior experiência industrial capitalista exitosa do planeta Terra. Não foi em vão que tanto a China quanto a Coréia do Sul vieram nos visitar para descobrirem o segredo seguido por nós para aquele verdadeiro milagre econômico que por aqui se desenvolvia. Na época, a nossa indústria contribuía com aproximadamente 30 % de toda a nossa produção anual. A nossa produção industrial era cinco vezes maior que a da Coréia do Sul e oito vezes maior que a da China, mesmo com o resultado dessa produtividade ficando quase que totalmente com os donos dos meios de produção e não com os trabalhadores brasileiros que a produziram.

Pois bem, hoje o produto industrial da Coréia, são mais de doze vezes o nosso e a China já está ultrapassando trinta vezes o nosso PIB. E se o Brasil tinha 30% de seu PIB resultante de sua produção industrial e hoje se resume a apenas (10%) do nosso PIB, esse criminoso processo de desindustrialização aceito e até mesmo aplaudido por nossa elite desde que ela sempre leve a parte dela, está fazendo com que a nossa economia que antes já foi considerada de um país industrializado, hoje está celeremente se transformando num país simplesmente agroexportador o que, infelizmente éramos, há setenta anos atrás. Noutras palavras, estamos celeremente regredindo.

A quem afinal de contas poderíamos totalmente responsabilizar por tão desastroso fenômeno praticado contra o nosso próprio país? Antes do Plano Real que conseguiu finalmente estabilizar a nossa economia, predominava um fenômeno econômico que perdurou por anos entre nós que era a inflação altíssima e que na época transferia a renda nacional apenas para os ricos que tinham dinheiro e como a nossa inflação mensal era altíssima, eles, os ricos, colocavam o seu dinheiro na poupança e demais aplicações da época e com isso lucravam milhões e os maiores até bilhões.

Já os que viviam do fruto de seu trabalho como os trabalhadores, era quem pagava a conta através do constante e desenfreado aumento dos preços dos produtos que precisavam consumir e também o próprio governo que era obrigado a pagar a altíssima remuneração do capital aplicado no mercado financeiro, gerada também pela alta constante da inflação.

Como a nossa própria história registra, foi justamente com a intenção de conter aquela inflação descontrolada que se criou no Brasil os seis planos econômicos, na época batizados de: Plano Cruzado (fevereiro 1986), Plano Bresser (abril de 1987), Plano Verão (janeiro de 1989), Plano Collor I (março de 1990), Plano Collor II (dezembro de 1990) e finalmente, o Plano Real (fevereiro de 1994,) que foi o Plano que finalmente conseguir debelar a inflação e estabilizar de vez a nossa tão enferma economia.

Então, como foi que se criou o Plano Real? Aquilo praticamente foi uma espécie de dolarização forçada de nossa economia. Como a inflação estava muito alta e praticamente já sem controle, para continuar a beneficiar os mesmos ricos que ganhavam rios de dinheiro com a alta inflação e a quem o Brasil sempre serviu em detrimento do próprio país e de seus trabalhadores, com a garantia do próprio governo brasileiro, aumentou-se taxa de juros ainda mais e isso fez correr para o país montanhas de dólares que estavam aplicados em outros mercados financeiros que pagavam bem menos que nós e que, com essa montanha de dólares advinda para o nosso Banco Central que infelizmente já não é mais nosso, se criou por decreto uma nova moeda, O REAL, que tinha basicamente um valor superior até ao próprio dólar americano na época e paralelamente também um índice moderador da inflação chamado de URV-Unidade Real de Valor, já que como a moeda agora era praticamente o dólar, essa unidade de valor, diariamente, ajudou aos poucos a debelar a inflação antes descontrolada sobre a nossa antiga moeda.

Houve também na época de lançamento do Plano Real a flexibilização do nosso regime cambial e também uma abertura comercial gradual, para permitir a entrada de mercadorias importadas já que a nossa economia não dava conta de abastecer a nova demanda, visto que a população agora estava ganhando praticamente em dólar e queria, merecia e também precisava comprar mais.

Noutras palavras, a criação do REAL beneficiou aos nossos trabalhadores e também ao país que conseguiu finalmente debelar a nossa inflação desenfreada, mas, mais uma vez, beneficiou bem mais a elite do dinheiro conhecida como rentista e que continuou ganhando grosso com a subida exagerada da nossa taxa de juros que simplesmente foi catapultada e magicamente trocada pela inflação.

Todavia, essa alta taxa de juros precisava existir somente por um determinado tempo até a URV conseguir de vez praticamente zerar a inflação e aí ela começaria a cair até ficar num patamar razoável, igual a todos os outros países do mundo capitalista como o nosso. Entretanto, mais uma vez o interesse do mercado financeiro se impôs aos interesses maiores do país e de seu povo trabalhador.

Por fim, após o governo Itamar Franco que criou o REAL, o governo FHC não seguiu o ideário anteriormente planejado de aos poucos diminuir a taxa de juros do país, visto que essa medida controlaria e conteria a nossa dívida interna dentro de parâmetros ideais e administráveis. Como isso não foi feito a contento e na época propícia, a nossa dívida interna que na época era de aproximadamente 38% de nosso PIB, continuou crescendo sem parar e hoje mais que duplicou e continua crescendo, embora que estranhamente, quanto mais a gente paga, mais ela vem aumentando com a única finalidade antipatriótica e criminosa de remunerar cada dia mais a rentabilidade dos nossos eternos aplicadores.

Voltando ao assunto do Lula, eu não tenho nada politicamente contra ele apesar de todas as semanas por esse meu posicionamento político isento receber agressões não somente de desconhecidos mais inclusive até de muitos de meus amigos e seguidores do Lula, afinal de contas como já adiantei anteriormente eu votei nele não somente no segundo turno da eleição passada, mas também em todas as outras vezes em que ele foi candidato e voltarei a votar, tantas vezes sejam necessárias para derrotar políticos como o Bolsonaro ou seus partidários, seja ele ou ela quem for.

Mas o que eu quero dizer na verdade é que na cabeça do povo o Lula é bem  mais bonzinho que os outros e que também não há no Brasil nenhum outro político que tenha a coragem suficiente para enfrentar o sistema financeiro que a cada dia mais estrangula o país e, se ainda existe algum ou alguns e eu acho que existe, infelizmente, o nosso povo não é levado a acreditar porque os meios de comunicação sempre vinculados ao sistema econômico, controla toda a comunicação e usando seus poderes de informar e mais ainda de desinformar, se encarregam de desmoralizá-lo ao ponto de que o próprio povo que é a maior vítima de tudo isso, não acredite e não vote nele.

Para quem não sabe que fique sabendo que o Brasil como país está rapidamente descendo a ladeira, visto que de um país que bem recentemente era considerado pelo mundo desenvolvido como industrializado, está retornando ao tempo da velha república e se transformando simplesmente num país agroexportador. Quem está afirmando isso não sou eu não, mas os grandes economistas do país que ainda não foram cooptados pelo sistema financeiro como, por exemplo, o grande economista Marcio Pochmann.

Finalmente, gostaria apenas de afirmar que ou o Brasil foge urgentemente dessa escolha polarizada e apaixonada por políticos somente bonzinhos que apenas seguem políticas compensatórias em estrita obediência ao ultrapassado Consenso de Washington, ou que simplesmente se aliam a extrema-direita que somente pensa no bem dos mais ricos em detrimento dos mais pobres do planeta e que, gostem ou não, me atrevo a chamar de burra e vai buscar outros políticos ou até mesmo cidadãos realmente corajosos, capacitados e verdadeiramente patriotas, com já adiantei em artigo anterior a esse e que realmente se aventurem a enfrentar essa luta juntamente com todo o povo brasileiro para nos libertar dessa mais que pusilânime submissão administrativa e financeira atual que está simplesmente destruindo todas as potencialidades econômicas do nosso país.

Agente sabe que a elite de todo país é privilegiada e numa sociedade de classes como a nossa, tudo enfim funciona em benefício maior dela. Isso eu nem discuto e compreendo perfeitamente. Agora precisa-se saber que as elites de todos os países em que eu já tive a curiosidade de procurar saber como agem em determinadas situações de ameaças qualquer inclusive de desabastecimento para o seu pais, elas se juntam e formam sempre um escudo para defender o pais, até porque defendo o seu país, elas estão defendendo também os seus próprios interesses e privilégios.

Vejam o caso dos EUA. Eu pessoalmente não tenho muita simpatia por esse país pelos horrores que ele tem provocado no mundo tudo como guerras e invasões de países mais fragilizados e que geralmente possuem riquezas que eles cobiçam, como por exemplo, o petróleo. Mas, sempre que o país precisa de sua elite ela estará sempre ali ao seu lado e inclusive se arriscam até mesmo a temporariamente de perderem parte de seu próprio patrimônio, até porque sabem que depois serão devidamente recompensados.

Enquanto isso a nossa Elite, oriunda quase toda de nosso mais que duradouro e infame escravismo que infelizmente ainda se percebe nas regiões e cidades brasileiras, não está nem aí para os interesses maiores do país e de seu povo sofrido e duplamente explorado e é por isso mesmo que nos golpes de estado aqui já havidos, nunca a elite brasileira ficou ao lado dos interesses maiores do país de seu povo sempre pobre, sacrificado e oprimido, mas sempre a favor dos interesses externos que falam sempre mais alto aos ouvidos dessa mais que torpe gente. Noutras palavras, o patriotismo deles tem sido única e exclusivamente os seus próprios patrimônios.

Então amigos, para finalmente concluir, se teimosamente continuarmos nessa nossa mais que inocente e criminosa caminhada saudada e até mesmo aplaudida por essa nossa elite que mais parece a nossa inimiga, esse ainda nosso gigante e rico país chamado de Brasil em homenagem ao nosso pau-brasil infelizmente já extinto de nosso –  Bioma Mata Atlântica – por ter sido todo criminosamente extraído e transportado para a Europa, voltará a ser um simplório protetorado como dantes que produzia e continuará produzindo apenas commodities baratas para a sua eterna matriz, além de vultosos recursos financeiros através do predatório e criminoso RENTISMO para a sua mesmíssima e insaciável elite financeira. Posso até está enganado e gostaria inclusive de estar, mas, infelizmente, esse é o único e trágico plano dessa  antipatriótica gente para esse, por enquanto, ainda o nosso adormecido Brasil. Quem viver, verá!…

Grossos (RN), 18/08/2024.

EMÍLIO OLIVEIRA

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo