Os Gross**; uma nova história do velho oeste potiguar!
TEXTO DO RABINO MAGNUS ELIAS
Dizem que a origem do nome de nossa cidade Grossos; diga-se de passagem: “A melhor cidade para se viver”, e que no ano 5.782 da criação de Adão, completa 68 anos de emancipação política, originou-se de um capim grosso que existia por aqui; talvez quem criou isso; acuado, precisava escrever algo e não sabia o quê…talvez um alcaide forasteiro, que valeu-se da gramínea capim-panasco ; nome popular e genérico de duas plantas da família das Poáceas: Agrostis Stolonífera e Aristida Setifolia para criar a lenda da origem do nome de nosso território.
Eu particularmente não acredito nisto, pois se você for um leitor médio e conseguir entender a língua oficial brasileira, e bater mão de alguns livros de história, encontrará facilmente e sem dúvida alguma o fenômeno social ocorrido no Brazil Colônia denominado – “cristãos novos”, e mas tardiamente saberá que a península iberi, berço dos nossos avoengos era habitada por milhares de famílias de fé israelita e islâmica – mouros, juntamente com os cristãos velhos portugueses. Inferirá então, que: “Outrora por estas paragens vagueavam e fizeram assento, bandos de aborígenes da tribo Janduís, europeus e até judeus e mulçumanos”.
Judeus e mulçumanos aqui no RN?
Em 1645, ainda durante a guerra de ocupação holandesa no Brasil, ocorreu um dos eventos considerados pela igreja católica, como um dos mais históricos do Rio Grande do Norte: O assalto militar de Cunhaú e Uruaçu, que ocorreu quando os índios Janduís e mais de duzentos holandeses, a comando do Judeu Askenazi Jacob Rabi, a mando do Conde Maurício de Nassau, mataram no engenho de Cunhaú cerca de setenta pessoas mais o Padre André de Soveral.Apenas três pessoas conseguiram escapar do assalto. Em Uruaçu, foi morto João Lostau Navarro, sogro de Gardtzman que, revoltado, decidiu se vingar, afirmando “que o mundo nada perderia se desembaraçassem de semelhante canalha”. Chegou, inclusive, a entrar em contato com dois assasinos para que matassem Jacob Rabbi. Primeiro foi com Wilhelm Jansen, que colocou uma série de dificuldades. A outra pessoa foi Roeloff Baron, que concordou em realizar a sinistra missão, caso recebesse ordens do Alto Conselho Secreto. Nesses contatos, portanto, Gardtzman não conseguiu efetivar seu intento. Mas não desistiu de eliminar Rabbi.
Mais adiante, convidou o seu desafeto para uma reunião, com a finalidade de promover um entendimento e esquecer as mágoas passadas. O judeu-alemão aceitou, finalmente, participar de uma ceia que aconteceria na casa de Dirk Mulden Van Mel, a qual, segundo Câmara Cascudo, estava localizada nas proximidades de Refoles. Olavo Medeiros afirma que a casa de Muller “fica à margem direita do então chamado riacho Guajaí (água dos caranguejos), entre os distritos de Igapó e Santo Antônio do Potengi. Dista cerca de 10,5 km da matriz”.
Ainda participaram desse encontro outros militares: Wilhelm Becke, Roulox Baro, Jacob de Bolan, Denys Baltesen, Johannes Hoeck, Wilhelm Tenberghe etc.
Após a realização da conferência entre os dois desafetos, Gardtzman saiu primeiro. Pouco depois é que Rabbi saiu. E não demorou muito tempo para que se ouvissem dois disparos de fuzil. Caía, mortalmente ferido, Jacob Rabbi. A vítima recebeu, além dos tiros, golpes de sabre que deformaram partes do cadáver.
Após a morte de Rabbi, assaltaram os pertences e valores que estava em mãos da esposa de Jacob, a índia Domingas.
E Gossos tem a ver o que com esta historia?
Será que havia Judeus e islâmicos na história antiga de nosso território?
Vejamos algumas informações, que nos torna diferentes de outras cidades do RN
A capital – Os Grossos
“É de conhecimento geral que sobrenomes como Cohen, Levy e Katz são praticamente exclusivos dos judeus e que Gross, Schneider, Schwartz e Weiss comumente também indicam famílias judias. Os sobrenomes do povo judeu originaram uma importante fonte de conhecimento sobre história e cultura judaicas. – Dr.Harvey Minkoff – Khabad Lubavitch”. Ora, ora, então o nome Gross, advém de uma família judia!
Antigamente, em 1895, Mundoca Caricé, caraolho – Raimundo Sergio Rebouças, de bendita memória, falecido e jaz no cemitério de Melancias no CE, morava no do distrito de Gado Bravo, hoje município de Tibau. Ele naquelas eras já negociava feijão de Corda, carne seca e rapadura na povoação dos Grossos, como se fosse um lugar que habitasse a família Gross, que ele chamava “os zabra de Gross”, porque segundo ele, eram vermelhos, como uma formiga sarará a saber. Sarará é como, no Brasil, são chamados os mestiços de brancos e negros, cuja principal característica é a presença de cabelos loiros ou ruivos, bem como aos filhos de negros que sofressem de albinismo e que era comum ter zebe nos beiços. Inclusive Grossos ainda guarda famílias antigas, a querida família Felix.
Curiosidade sobre zabra, cabra ou sabra:
O sabra (em hebraico צבר, pronuncia – se tsabar) é uma fruta que cresce nos cactus dos territórios de Israel e da Palestina, bem como em outras regiões do mundo. É dura e espinhosa em seu exterior. Por dentro, contudo, é macia, e tem sabor bem doce. Por ser áspera por fora e suave em seu interior, na linguagem e no imaginário popular de Israel, seu nome é dado aos judeus nascidos no país, que são descendentes, em sua maioria, de judeus vindos dos países da Diáspora a partir de fins do século XIX, e geraram uma cultura, um modo de vida e uma maneira de se relacionar com o mundo e a si mesmos nova, diferente da dos judeus vindos da Diáspora. Estes, ao se adaptarem à sociedade local, tendem a aspirar ser reconhecidos como sabras, com o passar dos anos.
Atualmente, segundo cita o Escritório Central de Estatísticas de Israel, em 2010 quase 70% dos judeus do país já eram sabras. Eles eram apenas 35% em 1948, quando a nação conquistou a Independência.
Veja outras curiosidades, sobre o nosso município, que dão pistas sobre nossa origem:
Aqui não tem nenhum logradouro com nome de santos católicos, marca da presença israelita – cristão nova, e do cripto-judaísmo, e os nomes dos lugares são bem sugestivos, denotando semelhanças com palavras de origem israelita com importante significado.
Distrito do Córrego; Talvez um meandro; que é uma curva acentuada de um rio que corre em sua planície aluvial e que muda de forma e posição com as variações de maior ou menor energia e carga fluviais durante as várias estações do ano.
Meandros são típicos em planícies aluviais (topografia madura), mas podem ocorrer de forma mais restrita, é uma lástima realmente, também, em outras condições como sobre terrenos sedimentares horizontalizados.
O canal do rio muda constantemente de posição ao longo da planície aluvionar, através de um processo continuado de erosão e deposição em suas margens, daí o meandro receber o nome de meandro divagante. As margens externas do meandro, centrífugas da corrente fluvial, apresentam barrancas progressivamente erodidas, e na margem interna ocorre deposição, principalmente de areia.
Pode este nome também ser alusão ao rio Yardem – Jordão, ou ate mesmo Kochem- Lê-se Correm – Nome dado aos sacerdotes israelitas. O nome Kochem com o tempo foi aportuguesado no Brasil para: Cunha, ou ainda diz-se pejorativamente no populacho catolico “ isto e um coem”, ou “fulano ficou todo coem”referindo-se a um aleijão.
Distrito de Valencia: Durante três séculos o judaísmo floresceu em Granada, Córdoba, Sevilha, Zaragoza, Barcelona, etc., Mas não foi assim. Repentinamente se estalou um movimento antijudaico e, numa quarta-feira de cinzas de março de 1391, uma multidão turbulenta irrompeu no bairro judeu da cidade de Sevilha. No dia 9 de junho, uma orgia de matança apoderou-se da cidade. Dali o tumulto popular propagou-se a Córdoba, onde morreram 2.000 hebreus. Continuou avançando até Toledo, onde o populacho, em sinal de fé cristã, marcou para a matança de judeus o dia 17 de Tamuz (20 de junho), em cuja triste e vergonhosa jornada correram torrentes de sangue israelita pelas ruas da cidade imperial, sem perdão de idade ou sexo. Sucederam terríveis matanças em cerca de setenta comarcas. Poucos dias depois do massacre de Toledo, o povo de Valência desafogava seu fanatismo contra os judeus, esfaqueando os seus 5.000, e contagiando com seu furor as ilhas Baleares, em cuja capital, Malorca, cometeu-se toda sorte de atropelos, prelúdio da trágica matança levada a cabo em Barcelona no dia 2 de agosto de 1391, na qual pereceram 11.000 judeus.
Distrito de Areias Alvas: Importante lugar; Antigamente as pessoas mais velhas diziam, “vamo pra Ariazava”. Será esta uma corruptela da palavra hebraica Aryeh Zahav- traduzindo-se como Leão de Ouro? Curiosamente O brasão de armas de Jerusalém estampa um leão. O leão alude ao Leão de Judá; a parede ao fundo – o Muro das Lamentações; os ramos de oliveira, paz; e a inscrição acima do escudo, o nome da cidade em Hebraico.
Gênesis 49:8-12 – “Judá, a ti te louvarão os teus irmãos; a tua mão será sobre o pescoço de teus inimigos; os filhos de teu pai a ti se inclinarão. Judá é um leãozinho, da presa subiste, filho meu; encurva-se, e deita-se como um leão, e como um leão velho; quem o despertará?O cetro não se arredará de Judá, nem o legislador dentre seus pés, até que venha Shiló; e a ele se congregarão os povos. Ele amarrará o seu jumentinho à vide, e o filho da sua jumenta à cepa mais excelente; ele lavará a sua roupa no vinho, e a sua capa em sangue de uvas.Os olhos serão vermelhos de vinho, e os dentes brancos de leite”
Distrito de Alagamar: Lugar onde o mar alaga; neste lugar existe uma lenda que um capitão mor Antonio Felix de Souza Machado, apaixonou-se por uma linda africana da estirpe malesa, e gerou vários descendentes. E sabido historicamente que muitos maleses, eram da religião islâmica, letrados e um povo valente, que adoravam um só Deus.
Distrito de Alagamar: Lugar onde o mar alaga; neste lugar existe uma lenda que um capitão mor Antonio Felix de Souza Machado, apaixonou-se por uma linda africana da estirpe malesa, e gerou vários descendentes. E sabido historicamente que muitos maleses, eram da religião islâmica, letrados e um povo valente, que adoravam um só Deus.
Malê (do hauçá málami, “professor”, “senhor”, pelo iorubá imale, “muçulmano”) era o termo usado no Brasil, no século XIX, para designar os negros muçulmanos que sabiam ler e escrever em língua árabe. Eram muitas vezes mais instruídos que seus senhores, e, apesar da condição de escravos, não eram submissos, mas muito altivos. Na História do Brasil, notabilizaram-se pela chamada Revolta dos Malês, que ocorreu em 1835, na Bahia, onde eram encontrados em maior número, embora fossem encontrados também em Pernambuco, Alagoas e Rio de Janeiro.
Entre os séculos XVI e XIX não existia liberdade religiosa. Quem não era católico romano teve de se converter. Houve repressão aos dissidentes e muitos resistiram a esse exclusivismo. No Brasil, dispersos entre Pernambuco e Bahia em um primeiro momento, os malês resistiram e reagiram ao catolicismo imposto para manter sua crença e cultura. Para enfrentar a repressão os malês usavam um recurso de resistência espiritual (dissimulação religiosa), já utilizado pelos muçulmanos xiitas, denominado, pelos teólogos islâmicos, de al’tagiyya (literalmente, “guardar-se”).
Vendidos como escravos pelos vencedores em guerras locais, principalmente a jihad declarada em 1804 pelo xeque Usman Dan Fodio (1754-1817) – líder islâmico fulani – contra os hauçás, os muçulmanos chegaram ao Brasil no final do século XVIII, oriundos da região sudanesa da África e pertenciam a vários grupos etnoculturais. No Brasil, todos ficaram conhecidos genericamente como malês ou mussurumim. Apesar de “convertidos” ao catolicismo, continuaram a praticar ocultamente as suas crenças ancestrais.
Os malês possuiam um nível cultural superior, se comparados aos brasileiros da época: eram bilíngues e alfabetizados em árabe. Inconformados com a condição de escravos, articularam vários levantes que desaguaram no maior deles durante o Ramadã (mês de jejum islâmico) em Salvador, 1835.
A palavra Lema’alah, (alah Lema’- אלוהים, למה,) “por qual razão,Deus?” Podia ser uma frase comum de Katarina de Souza Machado, expressando o pesar por ter sido escravizada e ter se transformado em concubina do português Souza Machado e com o passar das gerações a frase pode ter sido corrompida e aportuguesada para Alagamar, o nosso Alagamar dos Pardos.
Distrito de Pernambuquinho: Pernambuco menor. A primeira sinagoga das Américas foi erigida em Recife, e se chama Kahal Zur Israel – Rochedo de Israel, e na época da perseguição portuguesa, a comunidade fugiu para os Estados Unidos da America e fundaram a cidade de New York. Imagina-se que algum destes tomou outro destino e fundou a povoação de Pernambuquinho.
A Kahal Zur Israel funcionou em Pernambuco durante o período de dominação holandesa (1630 a 1657). Durante esse período emigraram para o Recife milhares de judeus sefarditas de origem portuguesa, refugiados nos Países Baixos, que vieram para a então colônia holandesa, atraídos pela liberdade de culto religioso. Seu primeiro rabino foi o luso-holandês Isaac Aboab da Fonseca (1605-1693). Derrotados na Batalha dos Guararapes, as famílias judias retornaram para a Holanda a bordo do navio Valk, estima-se tambem que algumas familias tenham se embrenhado norte acima. O desembarque ocorreu em Nova Amsterdã, atual Nova York, onde os judeus formaram a Congregação Shearit Israel, a primeira comunidade judaica da América do Norte.
Distrito da Barra: Foz do rio ou seja: foz do rio Mossoró, é uma formação geológica que pode ocorrer nas desembocaduras de canais, estreitos, estuários, rios e outros cursos de água, devido à acumulação de material de aluvião, paralelo à costa, na linha onde a corrente do curso de água e a do corpo onde este desemboca se equilibram. Neste ponto, é comum haver uma linha de rebentação, devido à diminuição da profundidade.
Muitas vezes, também ocorre formarem-se faixas de material que podem consistir de areia ou uma mistura de materiais, conforme a composição dos solos de onde provêm os cursos de água. Alguns destes acúmulos podem constituir as restingas. Também se chamam barras às entradas estreitas dos portos, frequentemente obstruídas por este material aluvial, ou à foz de cursos de água.
Aqui também, levanto controvérsia que esta palavra Barra, trata-se da corruptela da palavra aramaica Bar; ou seja filho traduzindo-se ao português. O próprio Jesus era chamado de barnasha – em aramaico – filho do homem, ou ainda Ieshua bar Iosep – Jesus filho de José.
Pode ser ainda Bara, que quer dizer criou; parte do texto de Gênese: “ no principio criou Deus” – Bereshite bará Elohim”.
E por final, sem esquecer-se das comunidades do Boi Morto e Gangorra, …lembrem-se: Israel pendeu entre servir a Deus ou ao bezerro de ouro em massah ba midibar. “ Boi Morto; Rei Posto”. No deserto Moshe destruiu o bezerro.
Bezerro de ouro (no hebraico עגל הזהב) é o ídolo que, de acordo com a tradição judaico-cristã, foi criado por Aarão quando Moisés havia subido o monte Sinai para receber os mandamentos de Deus. O povo de Israel então forçara Aarão a criar um ídolo que os reconduzisse ao Egito onde haviam sido escravos.
Este incidente é conhecido em hebraico como Khet ha’Egel (חטא העגל) ou O pecado do bezerro e é descrito na Bíblia, no livro de Shemot (Êxodo 32:1-8)
O bezerro de ouro também é referido em outra passagem da Bíblia, em I Reis 12:28-32 quando o reino de Israel é dividido e o rei Jeroboão, que fica com uma parte do reino sem ser de descendência real, cria dois bezerros para o povo adorar, e esquecer do Deus da linhagem Real.
Na linguagem corrente, a expressão “bezerro de ouro” tornou-se sinônimo de um falso ídolo, ou de um falso deus.
Segundo um amigo que já foi padre da paróquia de Grossos, que não revelarei seu nome para proteção da fonte, as famílias antigas de nosso território eram de origem israelita da diáspora portuguesa e espanhola.
E finalmente, muitos nomes de famílias judias portuguesas que foram perseguidas ou mortas durante as inquisição ibérica,mais tarde, ao fugir para a Holanda, América ou ao Império turco, voltaram à religião judaica, sem perder seu novo sobrenome, figuram nomes de algumas das famílias de Grossos. Identifique o seu:
Assim apareceram sobrenomes como Diaz ou Dias, Errera, Herrera ou Ferreira, Rocas ou Rocha, Marias ou Maria, Fernandez ou Fernandes, Silva, Gallero ou Galheiro, Mendes, Lopez ou Lopes, Fonseca, Ramalho, Pereira e toda uma série de denominações de árvores frutíferas (Macieira, Laranjeira, Amoreira, Oliveira e Pinheiro).Ou ainda de animais como Carneiro, Bezerra, Lobo, Leão, Gato, Coelho, Pinto e Pombo.
O rabino
Associação Beneficente Israelita Bíblica
Ano da Criação – 3 Tishrei, 5774 – Grossos – RN
O facho de Grossos pergunta:
Afinal, qual a origem de Grossos?