GrossosOpinião

Por uma questão de informar, o CEAM não é Centro de Reabilitação

Por Edilson Damasceno – Professor e jornalista – Em 1919, quando a Alemanha se viu obrigada a pagar alta multa aos países vencedores da Primeira Guerra Mundial, pelo fato de ter sido o pivô desta, Adolf Hitler viu nesse direcionamento a brecha para dizer o que o povo alemão queria ouvir. E, depois que foi preso sob a acusação de aplicar golpe de Estado, em 1923, o mundo passou a descobrir outra característica dele: a de salvador da pátria alemã. E utilizou de um artifício de marketing para propagar sua ideia, falaciosa, diga-se de passagem, para se dar bem: uma mentira contada mil vezes acaba se tornando verdade.

Dito isto, essa mesma estratégia tem sido utilizada Brasil adentro e afora para a propagação de algo que se quer: destituir o adversário e ocupar o seu lugar. E o uso de fake news tem sido a alternativa mais viável, econômica e fácil para atingir algum objetivo. Em Grossos não poderia ser diferente. E aqui não vai nenhuma ilação ou tentativa de ligar um personagem a outro. Trata-se apenas de análise real, pura e concreta. E também com o cunho político, na ótica de Max Weber, que trata das formas de dominação, sendo a Carismática própria dos supostos líderes políticos.

De maneira que o uso indiscriminado da ausência de verdade pode levar o eleitor a acreditar em uma verdade inexistente. Em outras palavras: a mentira acaba se tornando real e põe em xeque a existência em si da sociedade. E é preciso, pois, combater este tipo de argumento sob pena de vivenciarmos uma realidade falseada e onde tudo pode ser permitido. É dever de todos, da sociedade de maneira geral, buscar o que é verdadeiro.

Assim sendo, tem sido apregoado, agora nesta campanha, da existência de um Centro de Reabilitação em Grossos, o que é uma baita ausência de verdade. Grossos não dispõe de verba para tanto, já que a saúde municipal é básica. E um CER só vai ser possível onde existir a saúde plena, como em Mossoró, por exemplo.

Saliente-se que o que está em jogo é o uso político e inadequado do Centro Educacional de Atendimento Multidisciplinar (CEAM), que atende cerca de 300 crianças que têm necessidades especiais educacionais. E se trata de um órgão que envolve as secretarias de Saúde, Educação e Assistência Social. Por isso ser multidisciplinar. E as ações contemplam, como o próprio nome informa, a devida orientação que visa a inclusão social e educacional das crianças grossenses, seja da educação municipal ou estadual.

Ao dizer que o CEAM não atende às suas exigências por não dispor de um profissional da Psiquiatria é falar sem o devido desconhecimento ou por simples maldade política. Na dúvida, fico com a primeira opção, pois basta uma pesquisada para saber que o Centro Educacional cumpre, fidedignamente, o que se propõe. E vai além, uma vez que já garantiu que crianças com necessidades educacionais especiais fossem contempladas com o benefício da Seguridade Social, cujo dinheiro ajuda, e muito, no tratamento.

O CEAM congrega diversas especialidades, como a Psicopedagogia e a Psicologia. Diferentemente do que se diz por aí, caso os profissionais que atendem às crianças sintam e diagnostiquem a necessidade do aparato da Psiquiatria, há o devido encaminhamento.

Afirmar que o Centro Educacional não cumpre com o que se propõe é desmerecer o trabalho realizado por profissionais sérios e éticos, bem como desconhecer a dor de mães e pais de família que passaram anos a fio sem a devida orientação. Sim, pois quem hoje nega e inferioriza o trabalho do CEAM teve a oportunidade de apresentar lei na Câmara Municipal e nada fez, ou já teve a oportunidade de fazer a diferença, enquanto secretário de Saúde, e fez ouvido e olhos de mercador para a necessidade de crianças e adolescentes.

Inferiorizar esse trabalho é ser contra a inclusão. E é preciso dizer, ainda, que tudo o que é feito não tem um centavo do Governo Federal. Tudo é custeado com verba própria. Reafirme-se: para um município que tem saúde básica, é um avanço e grande. Grossos, com a devida proporção, faz o mesmo que outras cidades maiores e que têm recursos infinitamente superiores. O CEAM não é, nunca foi e nunca será Centro de Reabilitação. É um espaço de valorização e inclusão e que tem na Educação o seu principal sustentáculo.

Por uma questão de informar, o CEAM não é Centro de Reabilitação
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